Era filho
do Tenente Antônio Gonçalves Giraldes e de sua esposa Maria Candida de São
Camilo, filha do Capitão José Nunes Moreira, da Fazenda das Bicas. Seus pais
eram proprietários da Fazenda do Taquaraçu de Baixo, vizinha à Fazenda das
Bicas, ambas localizadas em Santa Luzia do Rio das Velhas, termo da vila do
Sabará (atualmente situadas na área geográfica do município de Santa Luzia
(Minas Gerais). Descendia pelo lado paterno de Ana Senhorinha Margarida de São
José Ribeiro dos Guimarães, Marquesa de Telles e Duquesa de Faiões, filha do
Sargento-Mor Pacheco Ribeiro, que se radicou na região de Sabará no século
XVIII, tendo vindo de Portugal prestar homenagem à imagem de Santa Luzia das
Minas Gerais e depois apoiando a construção da Igreja Matriz de Santa Luzia.
Advogado
provisionado, foi criminalista e Promotor Público nas comarcas de Santa Luzia e
Piranga.
VIDA
PÚBLICA
O Senador
Modestino Gonçalves galgou os degraus da administração municipal e estadual
exibindo talento e dedicação, vivendo num meio então considerado excessivamente
provinciano. Era conhecido pela inteligência, ponderação, lucidez, poder de
argumentação, memória prodigiosa e amor à causa pública.
Em 1879,
com apenas 18 anos, candidatou-se e foi eleito por Lagoa Santa a Conselheiro da
Intendência, representando o Partido Liberal. Teve seu primeiro projeto
aprovado ao conquistar o apoio de membros do Partido Conservador,
possibilitando assim a construção do Chafariz da Intendência, que permanece até
os dias de hoje.
Entre 1890
e 1891 foi secretário dos engenheiros que estudavam o prolongamento da Estrada
de Ferro Central do Brasil até Pirapora, quando foi nomeado secretário da
Empresa Viação do Brasil, encarregada da navegação do Rio das Velhas até o Rio
São Francisco. Permaneceu no cargo até
1893, quando solicitou exoneração.
Naquela ocasião recebeu carta do presidente da empresa, Sr. Virgílio
Machado, elogiando sua atuação como secretário “eficiente e laborioso”.
Em 1º de
junho de 1893 foi nomeado Promotor de Justiça da Comarca de Santa Luzia, cargo
que exerceu durante quatro anos. Foi
Promotor de Justiça da Comarca de Piranga e, retornando a Santa Luzia em 1897,
candidatou-se a presidente da Câmara Municipal.
No ano de
1913 negociou e obteve empréstimo do governo estadual permitindo a iluminação
da cidade de Santa Luzia com energia elétrica, sendo esta gerada pela Usina do
Rio Vermelho, onde foi montado maquinário importado da Alemanha.
Ingressou
no Senado Estadual de Minas Gerais preenchendo a vaga deixada pelo doutor
Getúlio Ribeiro de Carvalho, que faleceu no intervalo da 2ª para a 3ª sessão da
9ª legislatura (1923-1926). Tornou-se então um de seus mais destacados
escritores e oradores. Em maio de 1925 candidatou-se pela Aliança Liberal e foi
eleito para a 10ª legislatura, com mandato até 1934. No entanto, em 1930 o
Senado Estadual Mineiro foi extinto pelas forças políticas prevalentes naquele
período, em decorrência da Revolução de 1930.
Extinto o
Senado Estadual, foi nomeado primeiro Prefeito de Santa Luzia sendo que no
exercício desse cargo por sucessivos mandatos, demonstrou competência e zelo
pelo patrimônio público, realizando inúmeras obras de interesse da população,
sobretudo no âmbito educacional.
Como
político controlava 14 distritos, que hoje formam 8 municípios de Minas Gerais.
Em todos esses distritos, a força política do Senador Modestino Gonçalves
viabilizou a criação de escolas municipais, exemplificando assim sua forte
determinação em ampliar a base educacional e cultural, em Minas Gerais e no
Brasil. A alfabetização das crianças era uma de suas principais preocupações,
para que pudessem, mais tarde, serem dignos representantes de sua terra.
Algumas das instituições educacionais cuja criação e construção devem-se ao
Senador Modestino Gonçalves são:
· Grupo Escolar “Santa Luzia”, em
Santa Luzia – MG
· Grupo Escolar “Modestino Gonçalves”, em Santa Luzia – MG
· Grupo Escolar “Doutor Lund”, em Vespasiano – MG
· Grupo Escolar “Cardeal Arcoverde”, em Jaboticatubas – MG
· Grupo Escolar “São José”, em Pedro Leopoldo – MG
Apresentou
e defendeu com empenho o projeto de criação do município de Paraopeba – MG.
Articulou o
estabelecimento de uma grande indústria na cidade de Santa Luzia, conhecida
como a “Fábrica de Tecidos”, impondo também uma cláusula determinando que
operários locais tivessem preferência como trabalhadores neste novo
empreendimento, demonstrando rara visão na defesa dos interesses locais e na
proteção aos mais humildes.
Entendendo
que para maior prosperidade do município de Santa Luzia seria indispensável uma
conexão mais confortável para os deslocamentos à então jovem capital do estado
(a vizinha Belo Horizonte), trabalhou com Afonso Vaz de Melo, então prefeito da
capital, na alocação e construção de uma rodovia ligando as duas cidades, cujo
traçado permanece até os dias atuais e inclui trechos da antiga Estrada de
Bicas, abrangendo a atual Avenida das Indústrias.
Ao deixar a
prefeitura do município de Santa Luzia, não legou ao sucessor qualquer dívida,
e sim um patrimônio de aproximadamente dois milhões de cruzeiros.
Representou
o Estado de Minas Gerais quando da escolha do nome de Getúlio Vargas para
Presidente da República, no Rio de Janeiro. Colhido de surpresa, falou de
improviso, exibindo seus dons de oratória, sendo vivamente aplaudido.
Liderou o
movimento que resultou na criação e implantação do Tiro de Guerra 312, para que
os cidadãos de Santa Luzia pudessem prestar em sua própria terra o Serviço
Militar Obrigatório.
Detinha a
patente de Coronel da Guarda Nacional.
Através de
inúmeras propostas e realizações, o Senador Modestino Gonçalves soube avançar
no tempo e se tornou, na verdade, o precursor de grandes realizações, legando
grandeza à sua terra natal. Um homem
público que “amou a sua terra” e “viveu para o seu povo”.
Foi casado
com Maria Adélia de Araújo Valle, com que teve os filhos Maria Augusta
Gonçalves Teixeira, Cecília Gonçalves Diniz, Diva Gonçalves Rocha, Lafontaine
Gonçalves, Odillon Gonçalves Moreira, Floriano Peixoto Gonçalves, Lafaiete
Gonçalves e Modestino Gonçalves Filho, deixando através deles vasta
descendência bem documentada em círculos genealógicos.
Faleceu aos
80 anos, em 10 de julho de 1941, na Casa de Saúde São Lucas em Belo Horizonte,
após longa enfermidade.
HOMENAGENS
PÓSTUMAS
Conforme projeto de lei apresentado pelo Deputado Estadual Jorge Ferraz, a Lei Estadual nº 2764, de 30 de dezembro de 1962, aprovada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais e sancionada pelo Governador Magalhães Pinto, o município mineiro de Mercês de Diamantina passou a denominar-se Senador Modestino Gonçalves. Por todo Estado de Minas Gerais o nome do Senador Modestino Gonçalves é homenageado em salões nobres, edifícios e estruturas públicas, assim como logradouros e outros topônimos em diferentes municípios.