BIOGRAFIA COMPLETA

MODESTINO CARLOS
GONÇALVES MOREIRA

Modestino Carlos Gonçalves Moreira (Santa Luzia, 1861 - Belo Horizonte, 1941) foi um político, advogado provisionado e oficial da Guarda Nacional Brasileira.

Era filho do Tenente Antônio Gonçalves Giraldes e de sua esposa Maria Candida de São Camilo, filha do Capitão José Nunes Moreira, da Fazenda das Bicas. Seus pais eram proprietários da Fazenda do Taquaraçu de Baixo, vizinha à Fazenda das Bicas, ambas localizadas em Santa Luzia do Rio das Velhas, termo da vila do Sabará (atualmente situadas na área geográfica do município de Santa Luzia (Minas Gerais). Descendia pelo lado paterno de Ana Senhorinha Margarida de São José Ribeiro dos Guimarães, Marquesa de Telles e Duquesa de Faiões, filha do Sargento-Mor Pacheco Ribeiro, que se radicou na região de Sabará no século XVIII, tendo vindo de Portugal prestar homenagem à imagem de Santa Luzia das Minas Gerais e depois apoiando a construção da Igreja Matriz de Santa Luzia.

Advogado provisionado, foi criminalista e Promotor Público nas comarcas de Santa Luzia e Piranga.

VIDA PÚBLICA

O Senador Modestino Gonçalves galgou os degraus da administração municipal e estadual exibindo talento e dedicação, vivendo num meio então considerado excessivamente provinciano. Era conhecido pela inteligência, ponderação, lucidez, poder de argumentação, memória prodigiosa e amor à causa pública.

Em 1879, com apenas 18 anos, candidatou-se e foi eleito por Lagoa Santa a Conselheiro da Intendência, representando o Partido Liberal. Teve seu primeiro projeto aprovado ao conquistar o apoio de membros do Partido Conservador, possibilitando assim a construção do Chafariz da Intendência, que permanece até os dias de hoje.

Entre 1890 e 1891 foi secretário dos engenheiros que estudavam o prolongamento da Estrada de Ferro Central do Brasil até Pirapora, quando foi nomeado secretário da Empresa Viação do Brasil, encarregada da navegação do Rio das Velhas até o Rio São Francisco.  Permaneceu no cargo até 1893, quando solicitou exoneração.  Naquela ocasião recebeu carta do presidente da empresa, Sr. Virgílio Machado, elogiando sua atuação como secretário “eficiente e laborioso”.

Em 1º de junho de 1893 foi nomeado Promotor de Justiça da Comarca de Santa Luzia, cargo que exerceu durante quatro anos.  Foi Promotor de Justiça da Comarca de Piranga e, retornando a Santa Luzia em 1897, candidatou-se a presidente da Câmara Municipal.

No ano de 1913 negociou e obteve empréstimo do governo estadual permitindo a iluminação da cidade de Santa Luzia com energia elétrica, sendo esta gerada pela Usina do Rio Vermelho, onde foi montado maquinário importado da Alemanha.

Ingressou no Senado Estadual de Minas Gerais preenchendo a vaga deixada pelo doutor Getúlio Ribeiro de Carvalho, que faleceu no intervalo da 2ª para a 3ª sessão da 9ª legislatura (1923-1926). Tornou-se então um de seus mais destacados escritores e oradores. Em maio de 1925 candidatou-se pela Aliança Liberal e foi eleito para a 10ª legislatura, com mandato até 1934. No entanto, em 1930 o Senado Estadual Mineiro foi extinto pelas forças políticas prevalentes naquele período, em decorrência da Revolução de 1930.

Extinto o Senado Estadual, foi nomeado primeiro Prefeito de Santa Luzia sendo que no exercício desse cargo por sucessivos mandatos, demonstrou competência e zelo pelo patrimônio público, realizando inúmeras obras de interesse da população, sobretudo no âmbito educacional.

Como político controlava 14 distritos, que hoje formam 8 municípios de Minas Gerais. Em todos esses distritos, a força política do Senador Modestino Gonçalves viabilizou a criação de escolas municipais, exemplificando assim sua forte determinação em ampliar a base educacional e cultural, em Minas Gerais e no Brasil. A alfabetização das crianças era uma de suas principais preocupações, para que pudessem, mais tarde, serem dignos representantes de sua terra. Algumas das instituições educacionais cuja criação e construção devem-se ao Senador Modestino Gonçalves são:

·      Grupo Escolar “Santa Luzia”, em Santa Luzia – MG

·      Grupo Escolar “Modestino Gonçalves”, em Santa Luzia – MG

·      Grupo Escolar “Doutor Lund”, em Vespasiano – MG

·      Grupo Escolar “Cardeal Arcoverde”, em Jaboticatubas – MG

·      Grupo Escolar “São José”, em Pedro Leopoldo – MG

Apresentou e defendeu com empenho o projeto de criação do município de Paraopeba – MG.

Articulou o estabelecimento de uma grande indústria na cidade de Santa Luzia, conhecida como a “Fábrica de Tecidos”, impondo também uma cláusula determinando que operários locais tivessem preferência como trabalhadores neste novo empreendimento, demonstrando rara visão na defesa dos interesses locais e na proteção aos mais humildes.

Entendendo que para maior prosperidade do município de Santa Luzia seria indispensável uma conexão mais confortável para os deslocamentos à então jovem capital do estado (a vizinha Belo Horizonte), trabalhou com Afonso Vaz de Melo, então prefeito da capital, na alocação e construção de uma rodovia ligando as duas cidades, cujo traçado permanece até os dias atuais e inclui trechos da antiga Estrada de Bicas, abrangendo a atual Avenida das Indústrias.

Ao deixar a prefeitura do município de Santa Luzia, não legou ao sucessor qualquer dívida, e sim um patrimônio de aproximadamente dois milhões de cruzeiros.

Representou o Estado de Minas Gerais quando da escolha do nome de Getúlio Vargas para Presidente da República, no Rio de Janeiro. Colhido de surpresa, falou de improviso, exibindo seus dons de oratória, sendo vivamente aplaudido.

Liderou o movimento que resultou na criação e implantação do Tiro de Guerra 312, para que os cidadãos de Santa Luzia pudessem prestar em sua própria terra o Serviço Militar Obrigatório.

Detinha a patente de Coronel da Guarda Nacional.

Através de inúmeras propostas e realizações, o Senador Modestino Gonçalves soube avançar no tempo e se tornou, na verdade, o precursor de grandes realizações, legando grandeza à sua terra natal.  Um homem público que “amou a sua terra” e “viveu para o seu povo”.

Foi casado com Maria Adélia de Araújo Valle, com que teve os filhos Maria Augusta Gonçalves Teixeira, Cecília Gonçalves Diniz, Diva Gonçalves Rocha, Lafontaine Gonçalves, Odillon Gonçalves Moreira, Floriano Peixoto Gonçalves, Lafaiete Gonçalves e Modestino Gonçalves Filho, deixando através deles vasta descendência bem documentada em círculos genealógicos.

Faleceu aos 80 anos, em 10 de julho de 1941, na Casa de Saúde São Lucas em Belo Horizonte, após longa enfermidade.

HOMENAGENS PÓSTUMAS

Conforme projeto de lei apresentado pelo Deputado Estadual Jorge Ferraz, a Lei Estadual nº 2764, de 30 de dezembro de 1962, aprovada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais e sancionada pelo Governador Magalhães Pinto, o município mineiro de Mercês de Diamantina passou a denominar-se Senador Modestino Gonçalves. Por todo Estado de Minas Gerais o nome do Senador Modestino Gonçalves é homenageado em salões nobres, edifícios e estruturas públicas, assim como logradouros e outros topônimos em diferentes municípios.

ASSINATURA DO SENADOR MODESTINO GONÇALVES